segunda-feira, maio 31, 2010

Conselho de Segurança da ONU decide se reunir após ataque de Israel a comboio humanitário a Gaza; aliados e inimigos condenam ação

Conselho de Segurança da ONU decide se reunir após ataque de Israel a comboio humanitário a Gaza; aliados e inimigos condenam ação

O Globo Agências internacionais
NAÇÕES UNIDAS - O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas vai se reunir na tarde desta segunda-feira em uma sessão de emergência para discutir o ataque de Israel contra um comboio de navios que levava ajuda humanitária a Gaza . A operação no Mediterrâneo matou ao menos dez pessoas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo nesta segunda-feira por uma investigação completa.
- É vital que haja uma investigação completa para determinar exatamente como o derramamento de sangue ocorreu. Acredito que Israel deve fornecer urgentemente uma explicação - disse ele em coletiva de imprensa realizada na capital de Uganda, Kampala, onde participar de conferência de revisão do Tribunal Penal Internacional.
Montado por organizações internacionais, o comboio de ajuda humanitária, chamado Frota da Liberdade, contava com o apoio extraoficial da Turquia e era composto por seis navios, três deles turcos. Segundo a CNN, dois outros tinham bandeira americana. Os barcos transportavam dez mil toneladas de ajuda e cerca de 700 pessoas, entre elas cidadãos de Turquia, Grécia, Espanha, França, Alemanha, Suécia, e Dinamarca. Também estavam a bordo a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Mairead Corrigan Maguire, da Irlanda do Norte, legisladores europeus e Hedy Epstein, sobrevivente do Holocausto de 85 anos. As identidades das vítimas não foram divulgadas.
Após o incidente, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cancelou a viagem a Washington, onde, na terça-feira, teria encontro com o presidente americano, Barack Obama. O premier disse lamentar as mortes de ativistas estrangeiros, mas insistiu que o bloqueio ao território palestino continuará.
- Lamentavelmente, nesse incidente, ao menos dez pessoas morreram. Nós lamentamos a perda dessas vidas - comentou.
A ação de Israel provocou condenação de aliados e inimigos do país. O governo dos EUA afirmou lamentar profundamente as perdas de vida e disse estar analisando as circunstâncias do incidente. A Turquia, um dos países muçulmanos mais amigáveis de Israel no Oriente Médio, chamou o embaixador israelense em Ancara para obter esclarecimentos e disse que convocaria o representante diplomático turco em Tel Aviv com o mesmo objetivo.
O premier turco, Recep Tayyip Erdogan, fez dura crítica à operação militar israelense:
- Esta ação, totalmente contrária aos princípios das leis internacionais, é desumano terrorismo de Estado. Ninguém pense que vamos ficar quietos em relação a isso.
Erdogan interrompeu viagem ao Chile, após passar pelo Brasil, retornou às pressas a Ancara.
- Este ataque é outro sinal dos níveis que as políticas do governo israelense atingiram - afirmou o vice-premier turco, Bulent Arinc, em pronunciamento na TV local.
O tradicional rival Irã também se manifestou sobre o episódio. Ahmad Vahidi, ministro de Defesa, fez um apelo aos países do mundo para que cortem todas as relações com Israel após a morte dos ativistas.
- O mínimo que a comunidade internacional deveria fazer com relação ao horrível crime cometido pelo regime sionista é boicotá-lo totalmente e cortar todas as relações diplomáticas, econômicas e políticas com o regime sionista - declarou.
A Síria, outro país do Oriente Médio que vive constante tensão com Israel, pediu nesta segunda-feira uma reunião de emergência da Liga Árabe para discutir o ataque israelense. O governo já organizou manifestações contra o incidente em várias cidades sírias, e autoridades se reuniram em frente à embaixada da Turquia em Damasco para manifestar solidariedade, já que a flotilha continha embarcações com bandeira turca, e a bordo viajavam vários cidadãos desse país.

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