quarta-feira, julho 28, 2010

Feitiço digital contra o feiticeiro

Feitiço digital contra o feiticeiro
Internet que ajudou Obama a ganhar a Presidência agora se volta contra ele
Dana Milbank Do Washington Post

WASHINGTONPara um homem que chegou ao poder explorando o potencial da internet, o presidente Obama está, estranhamente, sem sorte nos últimos dias — desde que a própria internet se voltou contra ele.
Na semana passada, seus assessores passaram vergonha ao demitirem uma funcionária do Departamento de Agricultura por causa de um vídeo supostamente racista postado num blog de direita — depois, pediram desculpas e ofereceram a sua recontratação, pois souberam que a mulher era inocente.
Então, na tarde de segunda-feira, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, tentou dizer ao mundo que não preste atenção aos 92 mil documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão. “Em termos de grandes revelações, não há nenhuma nesses documentos”, disse o porta-voz sobre a divulgação no site Wikileaks.
O que Gibbs não pôde dizer era que Obama estava sendo derrubado pelo mesmo meio que o tornou presidente. Durante e após a campanha de Obama em 2008, seus assessores vibraram ao achar o caminho para contornar o que o chefe da campanha David Plouffe chamara de “filtro irritante da mídia”. Certa vez, Plouffe se vangloriou: “Atingimos mais pessoas quando enviamos um email do que o programa ‘NBC Nightly News’ e todos os canais de notícias a cabo juntos, incluindo a Fox”.
Depois de ajudar a enfraquecer a posição da mídia, Obama e seus assessores estão sentindo as consequências do declínio. Quando o blogueiro Andrew Breitbart postou um vídeo que injustamente caluniava a funcionária do Departamento de Agricultura, a história causou polêmica na internet. A grande mídia, tão denegrida — incluindo a Fox — começou a dar telefonemas e, em poucas horas, dúvidas caíram sobre Breitbart, mas naquele momento de pânico o governo de Obama já havia demitido a mulher inocente.
Igualmente, com o episódio do Wikileaks, funcionários do governo Obama aprenderam que a internet sem filtro não tem preocupação especial com a segurança nacional dos EUA. Quando a mídia noticia o vazamento de documentos, ela geralmente dá chance ao governo de questionar a informação para que seja possível reter certos detalhes — como nomes de fontes e detalhes operacionais — que possam pôr em perigo as tropas americanas e seus aliados. O “New York Times” e outros dois órgãos da imprensa europeia decidiram não publicar nomes ou detalhes que comprometessem agentes americanos e informantes.
O “Times” “tratou esta história de uma maneira responsável”, Gibbs disse aos jornalistas, mas as pessoas do Wikileaks, que se opõem à guerra no Afeganistão, “não estão em contato conosco.” Depois de Gibbs enviar uma mensagem através de repórteres do “Times”, o Wikileaks teria atrasado a liberação de 15 mil documentos para guardar nomes.
Mas Gibbs estava em desvantagem para responder à publicação do imenso documento porque, como ele mesmo ressaltou, “ninguém neste governo teve a oportunidade de ver o que eles fazem ou não.”

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