sábado, maio 22, 2010

As vítimas eram os juízes

As vítimas eram os juízes


Jornal do Brasil - Sexta-feira, 21 de Maio de 2010


O jornalista Chico Otávio escreveu recentemente que havia sido vítima de um crime cibernético por ter um funcionário terceirizado do Tribunal de Justiça enviado e-mails fraudulentos envolvendo o seu nome para 180 magistrados.

Noticia que tomou conhecimento através de uma fonte que havia recebido o tal e-mail, donde se conclui que a fonte era um desembargador. Aqui começa nossa preocupação interna. Temos uma fonte jornalística em nosso meio que passa informações internas para a mídia, e trata-se de uma fonte altamente técnica porque profundo conhecedor do estilo do jornalista em questão a ponto de antecipar que: “Sei que isso não é seu. É armação”.

Em seguida, o repórter demonstra perplexidade porque apenas um dos 180 desembargadores que teriam recebido o tal e-mail se manifestara sobre a falsa mensagem. Quero esclarecer que não recebi tal mensagem e desconheço o seu conteúdo. Mas ainda que tivesse recebido, o que pretendia o jornalista que fizesse?

Indaga o articulista quantos teriam fornecido dados para uma reportagem que nunca existiu. Fiquei muito curioso sobre que dados seriam esses imaginados pelo Chico Otávio.

Ora, a reportagem que nunca existiu nos enche de curiosidade e daria uma bela reportagem.

Acredito que não deva haver segredos impublicáveis entre nós, sobretudo quando temos uma fonte tão especializada que fornece informações à mídia com tanta precisão.

Concordo com o repórter que isso tudo é muito grave, sobretudo quando o que se espera de um poder público é, no mínimo, que haja total transparência e probidade nos atos aqui realizados. Afinal, não se trata de uma repartiçãozinha qualquer, mas do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o primeiro no Brasil a estar totalmente informatizado e, portanto, modernizado graças ao seu milionário Fundo e a excelentes administrações.

Por tudo isso, concluo que as vítimas fomos nós, magistrados, que primamos pelo trabalho sério e dedicado e nos vimos envolvidos com atos ilícitos sem sequer conhecer o conteúdo dos instrumentos utilizados para o crime. Portanto, mesmo sem exame da materialidade, mais uma vez fomos vítimas de manipulações de poder que nos expõem à sociedade como uma casa de fuxicos e segredos. Resta, agora, revelar ao público a verdadeira autoria do crime.

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