sábado, maio 22, 2010

Rússia mantém venda de mísseis a Teerã

Rússia mantém venda de mísseis a Teerã
O Globo – 22/05/2010

MOSCOU. Apesar de ter garantido apoio à nova rodada de sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU, o governo da Rússia anunciou ontem que a punição não vai interferir na venda de cinco mísseis terra-ar S-300 a Teerã. O contrato foi fechado entre os dois países em 2005, mas a Rússia atrasou a entrega da remessa.
- O projeto de resolução da ONU não afeta contratos antigos. Não estamos interessados na militarização do Oriente Médio, mas a Rússia é um vendedor sério em todo o mercado externo - disse à agência "Ria Novosti" o chefe do comitê de Relações Exteriores do Parlamento, Mikhail Margelov.
Estados Unidos e Israel vêm, nos últimos meses, pressionando o governo de Moscou a desistir do negócio, temendo que os mísseis sejam uma ameaça à aviação israelense caso haja uma intervenção militar contra o programa nuclear iraniano.
Segundo analistas, a concretização da venda seria inviabilizada após a adoção das sanções econômicas - que inclui um artigo determinando embargo completo ao fornecimento de armas ao Irã. Margelov, entretanto, minimizou a questão:
- Estamos falando apenas de sanções inevitáveis que podem ser necessárias caso o Irã não jogue de acordo com as regras da Agência Internacional de Energia Atômica.
Outro ponto eventual ponto nevrálgico entre Moscou e Washington é a parceria fechada com o Irã pelo presidente russo, Dmitri Medvedev, para criar a usina de energia nuclear de Bushehr, no Golfo Pérsico, num investimento de US$1 bilhão. Segundo o chefe da agência russa de energia atômica, Sergei Kiriyenko, o projeto estará em operação em até três meses.
Apesar das tentativas russas de manter uma política externa pró-Ocidente - e, sobretudo, amigável aos EUA, como demonstrou a assinatura do Start, o acordo de redução de armamento no mês passado - analistas russos dizem que o Kremlin não pode abandonar de vez os parceiros islâmicos de Teerã. Mesmo que o comércio bilateral não ultrapasse os US$3 bilhões ao ano e que companhias de gás russas como a Lukoil e a Gazprom já tenham terminado suas operações no país.
- Nossas relações com o Irã estão piores desde a reeleição de Ahmadinejad no ano passado, mas esses investimentos são meramente simbólicos, para enfatizar a posição independente de Moscou - arrisca o professor Vladimir Yevseyev, do Centro Internacional de Segurança de Moscou.

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