quinta-feira, julho 22, 2010

Conferência de Viena apresenta gel que reduz infecções por HIV em 39%

Conferência de Viena apresenta gel que reduz infecções por HIV em 39% 

Jornal de Brasília - 21/07/2010
Um gel inodoro, incolor e praticamente insípido se transformou na nova grande esperança na luta contra a Aids, com um poder de prevenção tal que os especialistas consideram que "pode alterar o curso da epidemia de HIV". A apresentação de um estudo que estima em 39% a capacidade deste remédio de reduzir as infecções foi a estrela de hoje da Conferência Internacional Aids 2010, realizada em Viena até sexta-feira.
A eficácia inicial desta nova arma na luta contra a Aids foi demonstrada em um primeiro estudo conduzido por pesquisadores de Caprisa, um centro de pesquisa da universidade sul-africana de Kwazulu-Natal e da americana de Columbia. Este microbicida foi desenvolvido a partir do Tenofovir, um conhecido anti-retroviral já usado por via oral e que em sua nova forma está desenhado para ser aplicado na vagina 12 horas antes e 12 horas depois da relação sexual.
A apresentação dos resultados do estudo foi recebida com uma ovação por centenas de delegados e pelo público que acompanha o encontro, que desde domingo reúne 25 mil especialistas, ativistas e delegados para debater novas estratégias contra o HIV na capital austríaca.
"Esta nova tecnologia tem o potencial de alterar o curso da epidemia do HIV, especialmente na África do Sul, onde as mulheres carregam a maior carga desta devastadora doença", ressaltou Quarraisha Abdool Karim, uma das responsáveis pelo estudo.
A especialista sul-africana insistiu em destacar a importância que esta nova medida de prevenção tem para as mulheres.
"Há mulheres para as quais a abstinência não é uma opção, que são fiéis, mas seus maridos podem não ser, e que não podem convencer seus companheiros a usar preservativo", sentenciou. "É oferecer algo frente a nada", afirmou a cientista. "São necessárias pesquisas adicionais de forma urgente para confirmar e inclusive estender os resultados desta investigação", ressaltou Salim Abdool Karim, co-diretor do estudo.
Por exemplo, ele se referiu à necessidade de estudar o grau de eficácia do gel quando usado somente após as relações sexuais, uma questão importante levando em conta os riscos de infecção após estupro.
O experimento demonstrou também que os resultados melhoravam quanto mais este gel era usado.
Assim, as mulheres que utilizaram o microbicida em 80% de suas relações sexuais, conseguiram uma proteção de 54%, enquanto as que usaram em menos da metade das ocasiões obtiveram uma proteção de 28%.
O estudo com o novo gel, o primeiro microbicida eficaz na prevenção da transmissão do HIV, foi realizado por 30 meses com 899 mulheres; a metade recebeu o gel e o resto um placebo (produto sem efeitos medicinais).
No final do estudo foram registradas 60 infecções de HIV no primeiro grupo (placebo), enquanto no segundo só foram registrados 38 casos, o que representa um índice de proteção de 39%.
O anúncio da eficácia deste gel entrou para a agenda do terceiro dia da conferência Aids 2010, uma reunião com pouco conteúdo científico e um programa focado na defesa dos direitos humanos e na necessidade de desenvolver estratégias novas contra a doença.
Hoje à noite a conferência deve se transferir para as ruas de Viena na forma de uma grande marcha liderada pela cantora Annie Lennox para exigir que os Governos que não diminuam seus esforços para combater esta epidemia. Fonte: EFE

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