sábado, setembro 25, 2010

Traído por companheiros e GPS na bota

Traído por companheiros e GPS na bota
Sistema instalado em calçado levou Exército a chefe das Farc
Renata Summa – O Globo - RIO e BOGOTÁ
 A operação mais importante contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que resultou na morte de seu chefe militar, Mono Jojoy, só foi possível graças à traição de alguns de seus homens de confiança e a um longo trabalho da inteligência colombiana, que conseguiu instalar um sistema de GPS em botas militares especiais enviadas ao guerrilheiro, permitindo sua localização.
Ao interceptar uma comunicação das Farc, a inteligência colombiana descobriu que Mono Jojoy solicitava botas especiais, pois possuía problemas nos pés causados por diabetes.
Forças de segurança conseguiram ter acesso à encomenda, instalando um sistema de GPS nos calçados, segundo relato oficial. Dias depois, militares detectaram sinais num acampamento, e iniciaram a ofensiva que resultou na morte do líder e de ao menos outros 20 guerrilheiros. Ontem, o corpo de Mono Jojoy chegou a Bogotá, com uma grande ferida, não se sabe se causada por tiros ou bomba. Apesar de mais calvo e inchado, foi facilmente reconhecido graças a seu relógio Rolex e aos remédios para diabetes.
— Foi uma operação cirúrgica. Sabíamos que ele costumava se levantar entre uma e quatro da manhã (...), por isso atacamos às duas da manhã — disse o ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, afirmando que Mono Jojoy foi traído “pela sua própria gente”.
Segundo um general que não quis ser identificado, o sucesso da operação se deve a informações dadas por um guerrilheiro, que já estaria fora do país com a família. Rivera afirmou que serão pagas recompensas a quem ajudou a levar as forças de segurança a Mono Jojoy, mas não precisou a quantia. O governo colombiano oferecia US$ 2,7 milhões por informações sobre Mono Jojoy.
No primeiro pronunciamento após a morte de seu número dois, as Farc negaram a intenção de se render, e rechaçaram a operação do governo, dizendo que o caminho escolhido só alimenta a espiral da violência. No início da semana, o líder máximo do grupo, Alfonso Cano, havia proposto um diálogo ao presidente Juan Manuel Santos, negando-se, no entanto, a aceitar condições. Santos exige que a guerrilha abandone as armas e liberte seus reféns antes de sentar-se à mesa de negociações com os guerrilheiros

Grupo tem problema de comunicação
O analista de conflito colombiano César Castaño afirma que essa agenda dupla das Farc, que ao mesmo tempo que pede o diálogo continua a realizar atos violentos, é uma estratégia do grupo, que está enfraquecido. Para Castaño, além da perda de líderes, o grupo enfrenta problemas, por exemplo, na comunicação, que hoje é feita quase inteiramente por cartas transportadas pelos próprios guerrilheiros.
— As Farc seguirão pela via do terrorismo, mas a força militar que permitia realizar grandes golpes está cada vez menor. O grupo continuará a aplicar o plano “Renascer”, proposto por Alfonso Cano em 2008, no qual ele ordena, por exemplo, a semeação de campos minados no país para tentar pressionar o governo — analisa.
Castaño acredita que Mono Jojoy será substituído em breve.
— Um forte candidato é El Paisa (Hernán Velásquez Saldarriaga), chefe de uma coluna das Farc e responsável por centenas de ações entre massacres, sequestros e atentados. Ele tem o perfil militar, e sua coluna sabe administrar muito bem o dinheiro, o que desperta interesse das Farc.
Com agências internacionais

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