sexta-feira, novembro 05, 2010

Média de anos de estudos do Brasil é igual à do Zimbábue, o pior IDH

Média de anos de estudos do Brasil é igual à do Zimbábue, o pior IDH
Governo critica novo índice, mas especialista lembra da urgência no setor
Cássia Almeida, Rennan Setti e Martha Beck

RIO e BRASÍLIA. O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar níveis mais elevados de desenvolvimento humano. A educação é o principal entrave. A média de anos de estudos do Brasil (7,2 anos) é a mesma de Zimbábue, o último colocado no ranking, que inclui 169 países. O economista e professor da UnB Marcelo Medeiros avalia que está na hora de a educação ganhar mais espaço nas discussões e também mais investimentos: — Temos que debater seriamente a universalização do ensino médio e o tempo integral nas escolas. A baixa escolaridade da população impede que a família se ocupe dessa tarefa.
A seu ver, a implantação do horário integral desataria outro nó, já quer permitiria a mãe trabalhar: — Esse é um dos entraves para diminuir as desigualdades de gênero.
Ministério da Educação critica mudança no cálculo Em nota, o Ministério da Educação informou que a adoção do critério de anos de estudo prejudica países em desenvolvimento, como é o Brasil, que fizeram fortes investimentos na formação de jovens num período mais recente. O ministério alega que “considerado o grupo com mais de 25 anos de idade, cresce o peso do passivo educacional dos países menos desenvolvidos.
Ele refere-se a pessoas já adultas que não tiveram oportunidade de escolarização no passado. Essa contagem pune, em termos de índice, os países que construíram políticas sociais e educacionais nos últimos dez anos”. A nota destaca ainda que, “em oito anos, a taxa nacional da escolaridade média de pessoas acima de 25 anos de idade cresceu 21,1%”.
Segundo Flávio Comim, do Pnud, as estatísticas brasileiras ficam negativas quando o índice observado é o de repetência nas escolas. Cerca de 16% das crianças, de 9 anos, estão na série inadequada, enquanto o percentual entre os jovens, com idade média de 16 anos, é de 40%.
E as dificuldades na educação atravessam gerações. A dona de casa Marilúcia Gomes acrescenta R$ 16 aos R$ 44 que recebe do Bolsa Família para pagar explicadores para os dois filhos, pois já não consegue ajudar as crianças com as matérias. Ela abandonou os estudos na antiga quinta séria, após repetir duas vezes. O marido estudou ainda menos: largou na quarta série, após algumas repetências.
Sua filha Jéssica, de 13 anos, repetiu o sexto ano (antiga quinta série). Jefferson, seu irmão caçula de 11 anos, repetiu o terceiro ano duas vezes e deve repetir de novo essa mesma série este ano. Os dois estudam em escolas municipais em Curicica, Zona Oeste do Rio.
— Eles já falaram até em abandonar o colégio. Mas eu não vou deixar eles fazerem isso, repetirem o que eu fiz — afirma Marilúcia.
No Brasil, mais de 20% das pessoas sofrem alguma privação na educação. Isso inclui pessoas que não completaram cinco anos de estudo ou crianças que estão fora das salas de aula.

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