quinta-feira, setembro 30, 2010

Um placar que pode esconder o jogo

Um placar que pode esconder o jogo
30/09/10 07:22 | Costábile Nicoletta - Diretor Adjunto do Brasil Econômico
Sempre que se divulgam resultados conflitantes de pesquisas, me vem à mente uma entrevista a que assisti, em meados dos anos 1980, do publicitário Alex Periscinoto - um dos mais respeitados profissionais em sua área de atuação - ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes.
Com a simplicidade objetiva que o caracteriza, Periscinoto explicou que o melhor instituto de pesquisas do mundo era o confessionário da Igreja Católica.
Além de revelarem seus pecados ao sacerdote, os fiéis contam-lhe espontaneamente o que sentem, os problemas que os afligem, as intrigas da vizinhança e um sem-número de informações consideravelmente úteis sobre a paróquia.
Com base nesses relatos e sob juramento de não divulgá-los, o padre prepara os sermões dominicais e atua como conselheiro da comunidade para intervir em desentendimentos e ajudar na resolução de problemas comuns aos moradores do bairro.
É um clérigo imbuído de funções políticas, que arbitra conflitos com base na palavra de Deus, mesmo que exagere na interpretação dos dogmas.
As empresas que realizam pesquisas sobre intenção de voto não levam em consideração preceitos religiosos. Tampouco nutrem a expectativa de captar nos eleitores semelhante pureza com que se revelariam ajoelhados ao fazer esse sacramento.
Talvez a revelação da suprema vontade do eleitor só seja conhecida mesmo às 10 horas da noite do próximo domingo, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevê que seja concluída a contagem dos votos. Então se constatará em que medida se pode confiar nas atuais metodologias empregadas pelos institutos de pesquisa.
Há que se perguntar, também: as pesquisas oferecem alguma serventia aos eleitores? É mais útil a quem ainda estiver indeciso procurar informar-se melhor sobre o que os candidatos pretendem fazer se eleitos e empreender uma vigília para que, uma vez no poder, não cometam o pecado da mentira.
Costábile Nicoletta é diretor adjunto do Brasil Econômico

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