segunda-feira, outubro 11, 2010
Monotrilho no Morumbi
EDITORIAL: FOLHA DE SÃO PAULO
Não resta dúvida de que uma expressiva fração da população de São Paulo se beneficiaria do projeto da linha 17-ouro do metrô, que pretende ligar o eixo norte-sul do sistema de trens metropolitanos ao bairro do Morumbi.
O novo trajeto cumpriria a tarefa de oferecer opções de locomoção aos usuários do aeroporto de Congonhas e aos moradores do bairro popular de Paraisópolis, hoje carentes de transporte.
Uma parcela dos moradores do Morumbi, no entanto, manifestou na última semana oposição ao projeto. A obra prevê desapropriações de lojas, imóveis de alto padrão e empreendimentos imobiliários ainda não construídos.
O primeiro ponto a considerar diz respeito à necessidade de o Estado, a prosseguir com o projeto, garantir o ressarcimento adequado a quem for afetado pela intervenção. Mas esta não é a principal preocupação quanto ao plano. As críticas voltam-se, em especial, contra o tipo de transporte proposto -o monotrilho.
Veículos leves devem trafegar sobre uma estrutura elevada 15 metros acima das ruas e avenidas da região. Colunas de sustentação se espalharão em intervalos de 30 metros ao longo dos cerca de 20 km de extensão da nova linha.
O governo ressalta que o monotrilho é mais barato e pode ser construído com mais rapidez do que o trem subterrâneo. Moradores temem, todavia, que as pesadas estruturas dos pilares e da via suspensa, bem como o tráfego dos vagões, possa ocasionar "degradação visual, sonora, ausência de privacidade, desvalorização imobiliária e aumento da criminalidade" - como argumenta uma entidade do bairro em representação ao Ministério Público.
As apreensões dos moradores quanto a uma espécie de novo Minhocão que se ergueria no local podem ser exageradas. Argumenta-se em contrário que se o entorno das vias for bem conservado e integrado ao bairro, os danos temidos seriam evitados.
É preciso, no entanto que o governo abra-se ao diálogo e demonstre que um processo de degradação não está em curso. Ou então que adote outras soluções.
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