segunda-feira, outubro 11, 2010

''O que faz a grande diferença agora é ter pós-graduação''

''O que faz a grande diferença agora é ter pós-graduação''
Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper
 O avanço das matrículas no ensino superior está fazendo com que o impacto da graduação no salário do brasileiro seja cada vez menor. A chamada "taxa de retorno" do curso superior está em queda. Para cada R$ 1 que o profissional graduado ganhava em 1992, ele recebe hoje R$ 1,13. Em 2005, último ano em que registrou crescimento, esse valor era R$ 1,18. "Enquanto isso, temos acompanhado a valorização da pós-graduação", diz o professor. Nessa entrevista, ele explica também como a população mais pobre conseguiu aumentar o nível de escolaridade.
Até que ponto é possível relacionar o aumento da renda do brasileiro à educação?
Durante muito tempo, nas décadas de 60 e 70, a escolaridade ficou estagnada. A partir do final dos anos 80, começa a evolução. Como os mais ricos já estavam com escolaridade bastante elevada, o aumento foi impulsionado pelos mais pobres. Em 2009, tínhamos 40% da população com 22 anos de idade completando esse nível de ensino. Em 2001, esse porcentual não chegava a 25%. É um avanço bem rápido.
O que impulsionou esse avanço?
Tudo começou com a Constituição de 88. Ela estabeleceu um porcentual mínimo de gastos dos municípios. Depois, vieram os programas como bolsa-escola e bolsa-família, que fazem com que as crianças permaneçam na escola até 14 anos. A partir de 2008, os fundos de desenvolvimento do ensino fundamental e básico permitiram que municípios pobres recebessem mais recursos, de acordo com o número de alunos. Tudo isso fez com que mais brasileiros chegassem ao ensino médio. E o Prouni, que concede bolsas em universidades particulares, fez a ligação com o ensino superior.
O impacto na renda é o mesmo do início da década?
No caso da graduação, tem caído. Em 2009, uma pessoas ganhava R$ 2.487, enquanto quem tinha só o ensino médio tinha renda de R$ 1.108. Em 2002, essa diferença era de R$ 2.871 para R$ 1.206. É a lógica da economia: oferta e demanda. O que faz a grande diferença agora é ter pós-graduação: o ganho é de 4,3 vezes no salário em relação a quem é apenas graduado. É importante lembrar que esses dados são médias e não refletem a situação em todas as profissões. No campo das exatas, por exemplo, onde oferta de cursos e matrículas não registraram tanto crescimento, retorno segue em alta.

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