segunda-feira, outubro 11, 2010
Que Dilma é essa?
Que Dilma é essa?
No primeiro debate do 2º turno, petista parte para o ataque direto a Serra, que revida
Paulo Marqueiro, Chico Otavio, Fábio Brisolla e Marcelo Remígio – O Globo
O primeiro debate entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no segundo turno, realizado ontem à noite pela TV Bandeirantes, foi de ataques do começo ao fim. Logo na primeira pergunta, exaltada, Dilma já partiu para o confronto ao abordar a questão do aborto. Em todo o primeiro bloco, os dois candidatos assumiram um tom beligerante, com acusações mútuas também sobre privatizações, segurança e corrupção.
Ao longo do primeiro turno, o programa de Serra na TV criticava Dilma e o PT, enquanto a propaganda dela se concentrava mais em pregar a continuidade do governo Lula. Ontem, no debate, ela mudou a estratégia e partiu para o confronto direto.
A petista apareceu na tela também muito diferente dos debates do primeiro turno, em que evitava confrontos.
Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou que a Dilma tem 48% das intenções de voto contra 41% de Serra, uma diferença bem menor do que a que esperavam os petistas.
Ao fazer uma pergunta para Serra, Dilma disse que a campanha do tucano faz calúnias e difamações contra ela. E que o vice de Serra, Indio da Costa, tem feito ataques a ela junto a grupos religiosos. Serra devolveu a acusação com outro ataque: — Eu me solidarizo com quem é vítima de ataque pessoal. Eu tenho recebido muito ataque nessa campanha.
Até blogs com seu nome fazendo ataques, não só a mim como à minha família, numa campanha orquestrada.
Agora, nós somos responsáveis por aquilo que pensamos e falamos.
A população cobra também conhecimento sobre os candidatos, qual foi sua história, etc. Creio que vocês confundem verdades, reportagens, com ataques. Por exemplo: sobre a Casa Civil, você disse que se tratava de invenção da imprensa. Aborto, você disse que era favorável, depois disse o contrário. Aí se trata de ser coerente, de não ter duas caras.
Dilma, ainda mais exaltada, aumentou o tom: — Acho que você deve ter cuidado para não ter mil caras. A última calúnia contra mim, disse que minha campanha tinha aberto sigilos, hoje você é réu de (uma ação) por calúnia e difamação. Se cuida, porque pode estar dando os primeiros passos (para cair) na questão da Ficha Limpa.
Inclusive acho estranho porque você regulamentou o aborto no SUS. E sou acusada de coisas que não vou nem dizer. Mas você regulamentou e eu sou a favor da regulamentação. Entre prender e atender (as mulheres), eu fico com atender. Sua senhora me acusa de uma coisa que é antiga. Porque o Brasil está acostumado com tolerância e não com convivência que instiga o ódio.
Serra ironizou a acusação de Dilma, afirmando que a lei do aborto é de 1940, anterior ao seu nascimento: — A lei não libera o aborto, só em casos de risco para a mãe e risco para a paciente. Em São Paulo, foi até implantada pelo prefeita Erundina, quando era do PT. O que eu fiz foi que isso precisava ter uma norma técnica que balizasse os casos de aborto no SUS, que fosse feito sem risco para a mãe, só isso. Mas você defendeu e passa a fazer o contrário.
Com relação a Deus, a mesma coisa.
Tem entrevista em que você diz que não sabe se acredita, depois vira uma devota. Casa Civil: tem uma pessoa que foi braço direito seu e durante meses organizou um esquema de corrupção, e você diz que não tem nada a ver.
Ao abordar a questão de segurança, Serra disse que no Rio ocorreram 11 arrastões e perguntou a Dilma por que ela é contra a criação do Ministério da Segurança, uma das bandeiras de campanha do tucano.
— Acho que fundamental é perceber que ela tem três aspectos, Justiça, penitenciária e segurança. São Paulo teve uma rebelião que tomou as ruas. A secretaria penitenciária não conversava com a segurança pública.
Ele está dando receita que aqui em São Paulo fracassou. O sistema penitenciário que devia saber quando haveria rebelião não sabia. Não é passo de mágica. O Rio está fazendo grande esforço, pelas UPPs, pacificando as comunidades através de ação preventiva e de outra ação, a autoridade, criando os territórios de paz — respondeu ela.
Na réplica, Serra argumentou que Dilma não respondera: — Não respondeu por que é contra criar o Ministério da Segurança.
Em São Paulo, não houve rebelião significativa. Em São Paulo, os homicídios caíram 70%, acima da média nacional, fato do qual muitos governos do PT poderiam extrair lições.
Não há um enfrentamento das bases do crime, do contrabando de armas e de drogas. Nós vamos criar uma Guarda Nacional, vamos ajudar a frear a exportação de droga para o Brasil. Vamos ter um cadastro nacional de criminosos.
Voltando ao tema, Dilma argumentou que o atual governo fez parcerias com os governos estaduais na área de segurança.
— Até então, (a questão da segurança) era afeita só aos governos estaduais.
Outra coisa que você precisa se informar. Já existe hoje a Força Nacional de Segurança Pública.Vamos comprar veículos não tripulados.
Eu acredito nesse caminho: investimento em ações afirmativas em locais onde o tráfico domina. O governo do qual você foi ministro não investiu em segurança. É bom você lembrar. Eu fico indignada com a questão da Erenice. Seu assessor Paulo Vieira de Souza fugiu com R$ 4 milhões de dinheiro de campanha
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