quarta-feira, agosto 04, 2010

Eterna busca

Eterna busca

De acordo com estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), são mais de três milhões de jovens, acima de 16 anos, elevando o número de desempregados no Brasil
Cristiane Caruso Ricci

Vivemos numa sociedade onde o ter é mais importante do que o ser. A busca constante por sucesso profissional, independência financeira, cuidado obsessivo com o corpo, status social, retrata o perfil dos 50,2 milhões de cidadãos entre 15 e 29 anos. Segundo dados do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), os jovens já representam 26% da população brasileira. Mas a combinação de novas responsabilidades com uma liberdade nunca antes obtida deixa os jovens indecisos e vulneráveis.
Outro grande problema que assola os jovens e os impede de construir sua identidade está relacionado às oportunidades de emprego e renda. A juventude brasileira é marcada por altos índices de informalidade e de desemprego.
De acordo com estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), são mais de três milhões de jovens, acima de 16 anos, elevando o número de desempregados no Brasil.
E, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra Por Domicílios (PNAD) de 2002, a característica do desemprego já faz parte da experiência desta geração, porque o jovem encontra no mercado de trabalho um obstáculo que dificulta pensar nas suas possibilidades futuras. Em cidades grandes, a falta de emprego já afeta todas as classes sociais.
 E, como os jovens já saem da faculdade sem perspectivas de emprego, ou quando conseguem, é o trabalho que não vai durar muito tempo, o projeto casamento fica inviabilizado.
Dados do IBGE mostram que a idade de se constituir uma família para jovens no ano de 1998 era em média de 23 anos. Hoje é de 27 anos. Mas, na opinião deles, essa média chegava a 25 anos em 1998 e hoje em dia ultrapassa os 30 anos de idade.
Perante estruturas sociais cada vez mais fluidas, os jovens sentem suas vidas marcadas por crescentes inconstâncias.
 Saem da casa dos pais para um dia qualquer voltarem; abandonam os estudos para retomar tempos depois; encontram um emprego e em qualquer momento se vêem sem ele; suas paixões são como “vôos de borboletas”.
 Tendem a tudo relativizar: desde o valor dos diplomas até a segurança no emprego. E não o fazem sem razões. Os diplomas são cada vez mais vistos como “cheques sem fundos”, sem cobertura no mercado de trabalho. Há ritualizações associadas aos afetos e à sexualidade que produzem, entre os jovens, uma mediação entre desejos, angústias e desilusões. São esses movimentos oscilatórios que o recurso à metáfora do ioiô ajuda a caracterizar a juventude do século XXI.
É de se pensar em políticas públicas que poderiam contribuir para projetar a questão da juventude com suas urgências como tema de primeira grandeza na agenda nacional, com o objetivo de diversificar e ampliar o debate sobre os 50,2 milhões de brasileiros.
Cristiane Caruso Ricci é jornalista. Email: criscaruso@hotmail.com.

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