Fabio Pozzebom |
quarta-feira, setembro 22, 2010
Erenice diz que foi ‘traída’ por servidor da Casa Civil
Erenice diz que foi ‘traída’ por servidor da Casa Civil
Blog do Josias
O encontro procurador da EDRB ‘foi uma completa traição’
‘Não tenho condições de acompanhar o trabalho de filho’
‘Acredito nas afirmações que me foram feitas’ por Israel
‘Fui apresentada ao Baracat pelo meu filho como amigo’
‘Que será de meus filhos, vão ter de viver à minha custa?’
‘Óbvio que isso está diretamente ligado à disputa eleitoral’
‘O meu filho se chama Israel Guerra, e não Verônica Serra’
‘Conversamos. Dilma não tem dúvida sobre minha conduta’
‘Conversei com presidente e ele foi muito amoroso comigo’
Erenice Guerra quebrou o silêncio. Falou aos repórteres Octávio Costa e Sérgio Pardellas. Recebeu-os na quinta (16), dia em que virou ex-ministra da Casa Civil.
Levada às páginas de IstoÉ, a entrevista é a primeira manifestação de Erenice sobre o caso que a derrubou. Antes, só falara o por meio de notas oficiais.
Considera “traída” por Vinícius Castro, afastado do Planalto depois de ter sido apontado como sócio de Israel Guerra.
Quanto ao filho e demais parentes, não parece enxergar conflitos entre o público e o privado: “O que será dos meus filhos e dos meus parentes? Terão todos que viver à minha custa?”
Atribui o seu infortúnio à atmosfera eleitoral: “[José] Serra percebeu que falar de quebra de sigilo não era uma boa tônica, então vamos falar de outra coisa. E a Erenice foi a bola da vez”. Abaixo trechos da entrevista:
– O que mais pesou em sua decisão de pedir exoneração? Foi a campanha de desconstrução da minha imagem, sórdida e implacável, atingindo, sobretudo, a minha família. Esses valores colocados em questão são caros para mim. Sou uma pessoa de origem simples e a família é o núcleo central que estabiliza a gente. [...] Entendi que era o momento de fazer uma opção. Uma opção pela minha vida pessoal, minha família, meus filhos e minha mãe, que sofre com tudo isso.
– Por que existiria uma campanha difamatória contra a sra.? Está vinculada ao momento político-eleitoral.
– Conhece o trabalho do filho Israel para garantir que é inocente? Uma pessoa que trabalha a quantidade de horas que eu trabalho por dia, [...] não tem condições de acompanhar trabalho nem de filho, nem de irmão, nem de ninguém. Mas eu conversei com meu filho e, conhecendo o filho que tenho, acredito nas afirmações que me foram feitas por ele. Ele me garantiu que, em nenhum momento, ultrapassou os limites da ética e da conduta que deveria ter.
– Nomeou o presidente e um diretor de operações dos Correios. Seu filho, que trabalhou na Anac, prestou consultoria à MTA, que obteve renovação de concessão na Anac e ganhou concorrência milionária nos Correios. Coincidência? Troquei sim a diretoria dos Correios por determinação do presidente. [...] Creio que pago um preço por isso, mas não me arrependo. [...] Israel prestou serviço para um sujeito chamado Fábio Baracat, que se intitulava dono de uma empresa chamada Via Net, mas nunca prestou serviço para uma empresa chamada MTA. A própria Anac reconhece que renovou a concessão da MTA porque eles regularizaram toda a documentação. A MTA ganhou e perdeu licitações nos Correios. E o tal contrato com a Via Net, que seria a empresa do Baracat, jamais foi assinado pelo meu filho. Então, é uma história muito confusa. Meu filho nunca teve contato direto com a MTA e eu muito menos.
– Encontrou Fábio Baracat na sua residência? Eu fui apresentada ao Baracat pelo meu filho na condição de amigo dele. [...] Para mim era mais um amigo. [...] Não conversamos nada além do trivial de um encontro social.
– O fato de seu filho se relacionar com empresários que têm interesse em negócios com o governo não caracteriza tráfico de influência? A sociedade precisa refletir sobre essa questão. Depois que uma pessoa passa a exercer cargo público, seus filhos devem parar de se relacionar, trabalhar e ter amigos? [...] O que será dos meus filhos e dos meus parentes? Terão todos que viver à minha custa, pois não poderão trabalhar e se relacionar?
– Podem ter sido vendidas facilidades em seu nome? O que impede alguém, a não ser a ética, de se vender por aí como uma pessoa que tem acesso à ministra e pode facilitar qualquer tipo de negócio? Essa é uma vulnerabilidade à qual estou exposta.
– Chegou a se encontrar com representante da EDRB, que teria tentado obter empréstimo no BNDES com a ajuda de seu filho? Ele foi recebido na Casa Civil pelo meu assessor, o chefe de gabinete à época. [...] A Casa Civil está investigando a conduta do ex-servidor Vinícius Castro e a possibilidade de ele ter praticado algum tráfico de influência nesse caso.
– Esse servidor poderia se passar por funcionário capaz de influir nas suas decisões? É. Poderia dizer ‘trabalho na Casa Civil, posso conseguir isso e aquilo...’. Isso não é desarrazoado não. E, exatamente por isso, a Casa Civil está, a partir de hoje, investigando esse caso com bastante rigor.
– Significou uma traição de Vinícius, funcionário próximo e sócio de seu filho? Foi uma traição. Uma completa traição
– Se houve tráfico de influência foi sem seu conhecimento? Absolutamente sem o meu conhecimento. Eu jamais admitiria um negócio desses. Por que eu faria isso? Por que eu deixaria que minha honra e minha história profissional se sujassem por conta de tráfico de influência no local em que trabalho?
[...]
– Sentiu-se abandonada pelo governo? De forma nenhuma. Eu fui tratada com solidariedade durante todo esse tempo. É óbvio que isso está diretamente ligado à disputa eleitoral, à necessidade de a oposição gerar fatos novos. [...] Serra percebeu claramente que falar de quebra de sigilo não era uma boa tônica, então vamos falar de outra coisa. E a Erenice foi a bola da vez, até porque eu simbolizo uma proximidade, uma relação de confiança com a candidata Dilma, que está na frente.
– Dilma foi solidária? Chegou a ligar? Conversamos e a Dilma não tem dúvida sobre a minha conduta.
– Teve apoio do presidente? Conversei com o presidente e ele foi muito amoroso comigo. E reiterou a confiança que tem na minha pessoa, mas achou que é um direito meu fazer agora os trabalhos que eu preciso fazer. Conversar com os meus advogados, abrir os processos para provar que eu não tenho participação, que não tive nenhum benefício.
– Não pode estar sendo alvo de fogo amigo? Se fala muito em fogo amigo, mas eu prefiro não me manifestar sobre isso. Até porque seria uma dor a mais. Há uma disputa de cargos no futuro governo, o que é natural.
– Está tranquila com a investigação da CGU? Eu lhes asseguro que toda a minha família disponibiliza seu sigilo fiscal, bancário e telefônico. Eu não sou o Serra que briga para manter o sigilo da filha. Meu filho se chama Israel, e não Verônica.
– O que pretende fazer daqui para a frente? Respirar. Agora tenho que descansar. Ter tempo de fazer a defesa da minha honra e da legitimidade de todos os meus atos [...].
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