quarta-feira, setembro 22, 2010

Prisão de armeiros é 1º passo para UPP da Rocinha

Prisão de armeiros é 1º passo para UPP da Rocinha
Contrabandistas presos no Paraná e no Rio forneciam fuzis para quadrilha que invadiu o Hotel Intercontinental
Ana Cláudia Costa – O Globo
 A prisão de quatro fornecedores de armas para a Favela da Rocinha é o primeiro passo da polícia buscando enfraquecer a quadrilha do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, para que, em seguida, a secretaria de Segurança Pública entre com a pacificação.
As ações na Rocinha, segundo o chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowsky, seguem a mesma linha do trabalho feito anteriormente nas favelas da Cidade de Deus e Borel, onde as quadrilhas foram desarticuladas e, em seguida, o governo implantou uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Um dos detidos seria traficante de classe média Ontem, equipes da Delegacia de Repressão à Armas e Explosivos (Drae) apresentaram o traficante de armas Antônio Ezequias Gura, de 26 anos, o Gordo, e Carlos Vinícius Braga dos Santos, de 25 anos, o Cafu.
Na mesma operação, também foram presos como fornecedores de armas para a Rocinha Luiz Cláudio de Carvalho Rodrigues, de 50 anos, o Coroa, e Ricardo Pereira Terra de Andrade, o Robocop. A operação que resultou nas prisões foi chamada “OCP”, numa referência à empresa fictícia responsável pela criação do Robocop na série de cinema.
Na operação foram expedidos dez mandados de prisão.
Durante a investigação, a polícia conseguiu flagrar, através de escutas telefônicas com autorização da Justiça, a negociação da venda de armas de Rodrigues com uma das receptadoras da Rocinha, Rúbia Maria Soares, a Coração, que não foi presa.
A mulher, considerada uma pessoa de confiança de Nem, comprava oito fuzis, munição e granadas para repor o armamento apreendido no dia em que traficantes da Rocinha, em fuga, invadiram o Hotel Intercontinental, em São Conrado, em 21 de agosto. Todo o pagamento foi feito através de depósito na conta corrente de Antônio Ezequias Gura. A polícia agora vai tentar rastrear as contas bancárias para saber se o tráfico da Rocinha utiliza laranjas para fazer movimentação financeira.
De acordo com a delegada titular da Drae, Márcia Beck, Robocop, preso em Botafogo, seria uma espécie de traficante de classe média do asfalto e teria apresentado Coroa para integrantes da quadrilha da Rocinha.
Segundo o chefe de Polícia Civil, não foram apreendidas armas ou drogas na operação porque os policiais optaram por prender os traficantes antes do envio do armamento.
Cafu, que é da Rocinha, e Gordo foram presos no Paraná, após terem sido localizados durante uma interceptação telefônica. Coroa foi preso em São Miguel do Iguaçu, também no Paraná, no último dia 15. Robocop foi localizado em casa, em Botafogo.
— Evitamos a entrada de centenas de fuzis e metralhadoras que abastecem a Rocinha.
É uma operação de inteligência e cautela. Preferimos prender logo esses caras do que esperar a remessa de armas, porque eles sempre mudam as rotas — disse Turnowsky.
Segundo a delegada Márcia Beck, o traficante Cafu foi até Foz do Iguaçu negociar armas para a Rocinha. Em uma agenda apreendida com Gordo, a polícia observou que, no intervalo médio de 20 dias, ele levava para a Rocinha dois fuzis, ao preço de R$ 100 mil. Já outro fornecedor, o Coroa, enviava para a favela, no mesmo período, oito fuzis, num total de R$ 440 mil. Em uma mensagem através de celular, também interceptada pela polícia, traficantes requisitam aos fornecedores “abacaxis”, que seriam granadas.
A polícia agora tenta prender o traficante identificado como Abelardo, o Bel, e Rúbia Maria Soraes. Todos foram indiciados e tiveram a prisão pedida na “Operação OCP”. Dos dez indiciados, dois deles, Flávio Cristiano F. da Silva e Eduardo de Souza de Lima, o “Menor”, já haviam sido presos pela Polícia Rodoviária Federal no Paraná. Segundo o chefe de Polícia Civil, essa é a terceira prisão de grandes fornecedores de armas para favelas do Rio. Segundo ele, a polícia já prendeu dois outros armeiros e um outro foi morto durante operação da Delegacia de Combate às Drogas.

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