quarta-feira, setembro 22, 2010

Recessão nos EUA já acabou? Desemprego, não

Recessão nos EUA já acabou? Desemprego, não
Instituto diz que desaceleração iniciada em dezembro de 2007 terminou em junho de 2009, a mais longa do pós-guerra
Do New York Times*
 NOVA YORK e WASHINGTON. A recessão americana terminou oficialmente em junho de 2009, informou ontem a Agência Nacional de Pesquisa Econômica (NBER na sigla em inglês, um instituto privado), responsável por determinar esses ciclos.
Iniciada em dezembro de 2007, teve duração de 18 meses, sendo a mais longa recessão no período pós-guerra, superando as de 1973-1975 e de 1981-1982, que duraram, ambas, 16 meses.
Foi também a recessão mais profunda desde a Grande Depressão, pelo menos em termos de perda de vagas.
E foi exatamente essa massa de desempregados — 14,9 milhões — que levou o presidente Barack Obama a afirmar ontem que não importava o que os economistas diziam, mas sim as dificuldades que os americanos estão enfrentando.
— Apesar de os economistas afirmarem que a recessão acabou oficialmente ano passado, obviamente para milhões de pessoas que ainda estão desempregadas, pessoas que viram o valor de suas casas declinar, pessoas que lutam para pagar as contas do dia a dia, (a recessão) ainda é muito real — afirmou Obama em um debate com cidadãos transmitido pela rede CNBC, antes de partir para um evento democrata na Filadélfia.
‘O sonho americano morreu para mim?’ O grupo presente ao debate incluía empresários, professores, estudantes e desempregados.
E, de um debate sobre a economia, acabou se tornando um desabafo dos eleitores.
— O que eu quero saber é: o sonho americano morreu para mim? — perguntou Ted Brassfield, recém-formado em direito, depois de afirmar que não conseguia pagar o empréstimo usado para custear seus estudos.
A NBER, ao datar os ciclos de expansão e recessão, baseia-se em vários indicadores, como Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos num país), produção industrial, renda, emprego e vendas no atacado.
A agência ressaltou, porém, que o fim da recessão significa apenas o período em que a economia atingiu seu ponto mais baixo e começou a se recuperar — não que retomou seu antigo vigor. E não descartou a possibilidade de uma nova recessão à frente. “O comitê decidiu que qualquer desaceleração futura da economia será uma nova recessão, não uma continuação da recessão iniciada em dezembro de 2007. A base para essa decisão foi a duração e força da recuperação até o momento”.
O fim da recessão foi debatido em teleconferência, no domingo, pelo Comitê de Datação dos Ciclos de Negócios da NBER. Eles haviam se reunido em abril para discutir o ciclo, mas concluíram que precisavam de mais dados. Desde então, revisaram os indicadores de produção e crescimento da renda para todo o ano passado.
— Isso nos deu o quadro definitivo do que aconteceu em 2009 — disse o professor de Economia da Universidade Northwestern Robert Gordon, no comitê há 30 anos. — Neste ponto, não teremos qualquer informação nova até julho de 2011.
Então decidimos que, se vamos fazer algo, tem de ser agora.
Ele explicou que quase todos os indicadores avaliados atingiram seu ponto mais baixo em junho de 2009. A exceção foi o desemprego, que registrou seu pior nível — 10% em dezembro.
Esse descompasso levou muitos analistas a classificarem a situação atual de “recuperação sem emprego”. E há quem defenda que o mercado de trabalho tenha um peso maior ao determinar as futuras recessões.
Mas Gordon observa que essa defasagem entre PIB e recuperação do emprego foi ainda pior na recessão de 2001: — Naquela ocasião, o emprego continuou caindo por 19 meses depois de o PIB atingir seu nível mais baixo.
Economista não espera uma nova recessão Gordon admitiu, porém, que o fechamento de vagas na última recessão foi mais grave. Apesar de em 1982 o desemprego ter atingido 10,8%, a força de trabalho, então, era bem mais jovem, e jovens tendem a ter um índice de desocupação maior.
Gordon observa ainda que a queda do PIB não foi tão profunda quanto na recessão de 1981-82, considerando o crescimento potencial. Ele disse não acreditar que a economia caminhe para nova recessão porque as tendências de emprego e renda são de alta. Mas considera preocupante o fraco crescimento de junho de 2009 até agora. Gordon acrescenta que o desemprego pode ficar acima de 9% até as próximas eleições presidenciais.
Além disso, na última sextafeira foram divulgados dados do Censo que mostravam que quase 44 milhões de americanos, ou um em cada sete, viviam na pobreza em 2009. A taxa de pobreza no país passou de 13,2%, em 2008, para 14,3% — o nível mais alto desde 1994.

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