quinta-feira, outubro 14, 2010

Chaplinescas

Chaplinescas

Yoani Sánchez - 13/10/2010

El hombre de traje raído, sombrero de bombín y enormes zapatos llevaba también un cristal a la espalda. Su compinche, un niño de apenas cinco años, rompía a pedradas las vidrieras de los negocios o las ventanas de las casas para que el cristalero vendiera sus servicios a los desesperados clientes. Juntos formaban un dúo de la supervivencia, un equipo de trabajo emergente que apenas si daba para mantener encendido el fuego en el hogar. La historia descrita en el filme “El Chicuelo” (1921) de Charles Chaplin ha vuelto a pasar frente a mis ojos al repasar el listado de actividades por cuenta propia que publicó el periódico Granma. Como un repertorio de la miseria y de la dependencia, esa enumeración de labores privadas más parece destinada a una aldea feudal que a un país en el siglo XXI.
Leídas de un tirón –conteniendo el disgusto– salta a la vista que apenas hay ocupaciones vinculadas directamente con la producción. Los emprendedores tampoco contarán con un mercado mayorista que los provea de materias primas y la posibilidad de acceder a créditos bancarios sólo ha sido enunciada sin mencionar el por ciento de los intereses. Ni hablar de que los cuentapropistas puedan importar directamente mercancías desde fuera de nuestras fronteras, pues eso sigue siendo monopolio absoluto del Estado. De las 178 actividades aceptadas, ya muchas se realizaban sin licencia y al ser incluidas en esa enumeración, lo único que cambia es que comenzarán a tener la obligación de pagar impuestos. De ahí que el escepticismo ronde al anuncio que estas “flexibilizaciones” a la inventiva privada contribuirán a solucionar los graves problemas de nuestra economía.
Qué traerá como consecuencia esta lentitud en aplicar los necesarios cambios: que los ciudadanos sigan nutriendo las largas colas frente a los consulados para marcharse del país o se sumerjan de lleno en la ilegalidad y el desvío de recursos. Si nuestras autoridades creen que las transformaciones a cuenta gotas evitarán que el sistema se les deshaga entre las manos mientras intentan actualizarlo, subestiman la sensación de urgencia que recorre la Isla. Tanta tibieza para aplicar las impostergables aperturas fragiliza la situación social y nadie puede prever cómo reaccionarán los frustrados “chicuelos”, los desfavorecidos con los despidos masivos y la falta de expectativas. ¡Ojalá no terminen echando abajo las vidrieras!
Publicado em “Generación Y”
Biografia
Yoani Sánchez estudou durante dois cursos no Instituto Pedagógico a especialidade de Espanhol-Literatura. No ano de 1995, mudou-se para a Faculdade de Artes e Letras – com um filho nascido em agosto deste mesmo ano e terminou, depois de cinco cursos, a especialidade de Filologia Hispanica. Especializou-se em literatura latinoamericana contemporânea e apresentou uma incendiária tese intitulada “Palavras sob pressão. Um estudo sobre a literatura da ditadura na América latina”. Ao terminar a universidade compreendeu duas coisas: a primeira, que o mundo da intelectualidade e da alta cultura a repugnava e a mais dolorosa, que já não queria ser linguista. Em setembro de 2000 foi trabalhar numa obscura oficina da Editorial Gente Nueva, enquanto chegava a certeza – compartilhado pela maioria dos cubanos – de que com o salário ganho legalmente não poderia manter sua família. De maneira que, sem concluir meu serviço social, pediu baixa e dedicou-se ao trabalho melhor remunerado de professora de espanhol – freelancer – para alguns turistas alemães que visitavam La Habana. Era a etapa (prolongada até os dias de hoje) em que os engenheiros preferiam dirigir um taxi, os maestros faziam o impossível para trabalhar no arquivo de um hotel e nos balcões de uma loja poderias ser atendido por uma neurocirurgiã ou um físico nuclear. Em 2002 o desencanto e a asfixia econômica a levaram a emigrar para a Suíça, de onde regressou – por motivos familiares e contra a opinião de amigos e conhecidos – no verão de 2004. Nesses anos descobriu a profissão que a acompanha até hoje: a informática. Se deu conta que o código binário era mais transparente que a rebuscada intelectualidade e que se nunca havia ido bem no Latim, ao menos poderia empreender com as compridas cadeias da linguagem html. Em 2004 fundou com um grupo de cubanos – todos radicados na Ilha – a revista de reflexão e debate Consenso. Três anos depois continua trabalhando como web master, articulista e editora do portal Desde Cuba. Em abril de 2007 se enredou na aventura de ter um Blog chamado “Generación Y” que definiu como “um exercício de covardia”, pois a permite dizer neste espaço o que está vedado em sua ação cívica. Vive em La Habana, com o jornalista Reinaldo Escobar – com quem divide a vida há quase quinze anos.

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