terça-feira, setembro 14, 2010

Lindo e comovente! A bondade em pessoa

A bondade em pessoa
13/09/2010 - 18:13 – Marcelo Migliaccio – Jornal do Brasil
Nada me comove mais que a pureza de uma criança.
Ontem, eu estava numa lanchonete daquelas em que as mesas são geminadas. Eu estava sozinho (pra variar) comendo um daqueles sanduíches em que a primeira mordida é deliciosa, a segunda é boa, a terceira é mais ou menos e na quarta você já está com azia.
Foi então que se aproximaram uma mãe carregando uma bandeja cheia de fast food e um menino que devia ter uns seis ou sete anos.
Notei que o garoto ia sentar-se num dos três lugares vagos que havia na minha mesa ("minha", olha só!). Ele faria aquilo porque não tem preconceito. Não tem ainda a noção mesquinha de individualidade cultivada pelos adultos. Ele não se incomodaria de sentar-se ao meu lado. E, na sua cabecinha, isso também não seria um problema para mim.
Na realidade, adulto que sou, talvez eu me incomodasse.
O garoto, no entanto, só queria comer seu sanduba e tomar seu refrigerante, sem se importar se havia mais alguém na mesma mesa.
Na minha cabeça de adulto, ele poderia derrubar o refrigerante em cima da minha perna, ou rir e falar alto na mesa, atrapalhando meu silêncio vazio.
Na cabeça dele, eu poderia ser um cara legal, que conversaria com ele sobre algo interessante. Um amigo que ele viria a fazer.
Mas sua mãe, quando viu que ele iria sentar-se ao meu lado, deu-lhe um leve e carinhoso cutucão para que fossem para outra mesa, esta com seus quatro lugares vazios. Àquele doce cutucão, chamam "educação". Naquele momento, o menino talvez tenha aprendido que a fraternidade é um artigo em extinção no mundo de hoje. E que pessoas adultas devem manter distância umas das outras.
Pode ser que ele tenha aprendido ali que pessoas adultas, em vez de se aglutinar, segregam.
Em vez de se ajudar, competem.
Ali, ele aprendeu que tem que se preparar para um mundo completamente diferente daquele que ele imaginou que encontraria.
Vamos entregar todo o poder neste planeta a crianças com até nove anos de idade.
Não haverá mais guerras, nem exploração, nem falcatruas, nem fome, nem destruição da natureza.
O que estamos esperando?

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