sábado, setembro 11, 2010

PF prende cúpula política do Amapá

PF prende cúpula política do Amapá
Entre os presos estão governador, ex-governador, empresários e servidores. Operação apreendeu R$1 milhão e 5 carros
Fábio Fabrini e Jailton de Carvalho – O Globo
 BRASÍLIA. A Polícia Federal prendeu ontem o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), o ex-governador Waldez Góes (PDT) e 16 empresários, servidores públicos e políticos, acusados de desviar R$300 milhões em recursos das áreas de educação, saúde, assistência social, entre outras. Na operação Mãos Limpas, a PF também obteve autorização judicial para conduzir à força para depor o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás (PSDB), o prefeito de Macapá, Roberto Góes (PDT), e 85 suspeitos de envolvimentos com corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre outros crimes.
Entre os presos estão o presidente do Tribunal de Contas do Amapá (TCE-AP), José Júlio de Miranda Coelho; o secretário de Segurança, Aldo Alves Ferreira, delegado da PF; a ex-primeira-dama Marília Brito Xavier (mulher de Waldez); e Ruy Santos Carvalho, chefe da Superintendência de Agricultura, vinculada ao Ministério da Agricultura.
Durante as buscas, a PF apreendeu R$1 milhão em espécie, duas armas e cinco carros de luxo das marcas Ferrari, Masserati, Mercedes-Benz e Mini Cooper.
Fraudes em licitações em troca de propina
Os veículos foram apreendidos na casa de praia do presidente do TCE em João Pessoa. A maior parte do dinheiro (R$540 mil) foi recolhida na casa do secretário de Segurança. Outros R$250 mil estavam na casa do deputado estadual Edinho Duarte.
Depois das prisões, o presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, desembargador Dôglas Evangelista Ramos, de 67 anos, assumiu o governo do estado. A operação deverá ter forte impacto na corrida eleitoral. Os principais candidatos majoritários foram atingidos pelas investigações. O governador Pedro Paulo Dias concorre à reeleição, assim como o presidente da Assembleia. O ex-governador Waldez Góes, que deixou o cargo em abril para disputar o Senado, lidera as pesquisas.
Na noite de ontem, os acusados foram levados a Brasília, onde devem ficar presos ao menos até quarta-feira, quando expira o prazo da prisão temporária, decretada pelo ministro João Otávio de Noronha, que preside o inquérito sigiloso no Superior Tribunal de Justiça. O governador e o presidente do TCE, que têm foro privilegiado, vão ficar em sala de Estado Maior na Superintendência da PF. São as mesmas instalações que abrigaram o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido).
Os demais presos seriam transferidos de madrugada para a Penitenciária da Papuda, em Brasília. Ontem, O GLOBO não conseguiu contato com advogados dos acusados. As investigações, que envolveram PF, Receita Federal e Controladoria Geral da União (CGU), começaram em agosto. Revelaram um esquema de desvio dos fundos de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Ensino Fundamental (Fundef), do governo federal, repassados à Secretaria da Educação. Conforme a PF, empresas eram contratadas mediante fraudes em licitações, sem formalidades legais. Em troca, integrantes do governo recebiam propina.
Apenas uma empresa de segurança, com contrato emergencial de três anos, recebia R$2,5 milhões mensais do estado. Levantamento da CGU mostra que, em 2009 e 2010, os órgãos atingidos pelas fraudes receberam R$800 milhões da União.

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