sábado, outubro 09, 2010

Especialistas: tema religioso é exagerado

Especialistas: tema religioso é exagerado
Para historiador, aumento do número de evangélicos criou tendência em que posição moral do candidato conta
Duilo Victor – O Globo
 A entrada do debate religioso na campanha presidencial, em temas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização do aborto, nunca foi tão intensa na História recente da República, segundo o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos (SP). Se, no passado, as polêmicas entre Igreja e Estado tiveram seu auge na legalização do divórcio nos anos 70, hoje, as discussões sobre moral e religião são vistas com exagero até por líderes cristãos.
— Em 2002, Lula estimulou a participação da ala evangélica na campanha e, hoje, o feitiço pode estar virando contra o feiticeiro.
Nunca um tema religioso ocupou tanto espaço no debate eleitoral — diz Villa Para o historiador, a importância crescente do voto evangélico vai dar mais importância ao posicionamento moral dos candidatos: — Não vejo essa nova era como algo para o bem ou para o mal. São temas que tocam a sociedade.
A discussão sobre o aborto será boa, por exemplo, se não ficar só no debate eleitoral.
Daniel Aarão Reis, professor de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense, volta mais no tempo. Segundo ele, a influência religiosa começa na República Velha (18891930), quando havia campanhas contra candidatos supostamente anticatólicos. Reis cita ainda, nos anos 1930, a Liga Eleitoral Católica, que indicava candidatos que professavam a religião.
No período anterior ao golpe de 1964, eram famosas as cruzadas do rosário do padre Peyton e as Marchas da Família com Deus pela Liberdade.
— Trata-se de uma tradição e de uma cultura política que, sem dúvida, questiona o caráter laico do Estado e da República.
Presidente da Convenção Evangelista das Assembleias de Deus do Distrito Federal, o pastor Sóstenes Apolos da Silva é líder religioso da ex-candidata Marina Silva (PV). Afirma que o voto evangélico foi decisivo na alavancagem da candidatura de Marina e continuará a ser no segundo turno, apesar de achar que o debate está exagerado.
— Toda pessoa tem um componente religioso, mesmo que seja a convicção de não ter religião — explica Sóstenes.

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