domingo, outubro 03, 2010
Quando fala o coração
Quando fala o coração
Martha Medeiros comemora 25 anos de carreira e lança livro sobre a dor da separação
Melina Dalboni – O Globo
Acredite. Martha Medeiros recebe tantas cartas de homens quanto de mulheres.
Fifty-fifty. Mas não é cantada, nada disso.
Eles escrevem para elogiar as crônicas que saem aos domingos na Revista O Globo, falar sobre os sentimentos que ela aborda e mostrar que eles estão assumindo um discurso feminino, pelo qual não se veem como os predadores insensatos como se diz por aí.
No entanto, elas, as leitoras, ainda são maioria quando o assunto são os livros da escritora, que já vendeu mais de 500 mil exemplares. Esta semana, Martha deve aumentar esse número com o lançamento do romance “Fora de mim” (Objetiva), sobre a dor da separação.
O livro é dividido em três partes. Na primeira, ela descreve, em primeira pessoa, o momento imediato após a separação, aquele período de desespero quando a mulher abandonada sente como se perdesse a própria identidade e se pergunta coisas do tipo “Para quem vou ficar magra?” e “Eu já quero esquecê-lo?”, ou diz “Tenho que faxinar você da minha vida”. E “A dieta da dor de cotovelo funcionou melhor do que um photoshop”. Ainda: “É a pior morte, a do amor”. No segundo capítulo Martha faz um inventário do relacionamento e, no último, elabora a perda e imagina o que a vida lhe reserva.
— Acho que todo mundo já passou por coisa parecida. Eu já sofri essa dor do amor, e ainda vou sofrer, provavelmente.
Tudo que escrevo tem um pouco de mim, mas o livro não é autobiográfico — diz Martha, por telefone, de Porto Alegre.
Além de lançar o livro e de estar preparando uma agenda 2011 com frases suas, a escritora completa este mês 25 anos de carreira, desde o lançamento do livro de poesia “Striptease”, em 1985. Cissa Guimarães, que está lotando o Teatro do Leblon com a peça “Doidas e santas”, baseada na obra homônima da escritora, acredita que a sinceridade quanto aos sentimentos é o segredo do sucesso de Martha.
— Ela fala o que o coração dela diz. É sincera, apaixonada e impulsiva. Isso me bateu porque sou igualzinha — diz Cissa, que virou amiga da escritora. — Além disso, ela tem humor. E hoje em dia eu gosto de gente engraçada, porque depois da experiência que vivi... quando tudo muda em um minuto, a gente vê que precisa se levar menos a sério.
Para Martha, a chave para escrever sobre os sentimentos é mais simples. Nada de psicanálise e afins: — Sou uma chutadora. Vou no chutômetro.
A peça de Cissa é a quinta montagem teatral de um texto de Martha. No momento, no Rio, há dois textos dela em cartaz. O outro é o monólogo “Tudo que eu queria te dizer”, no qual Ana Beatriz Nogueira (indicada por Martha para a peça) interpreta cartas do livro homônimo lançado em 2007, nos Correios.
— Ligo para a Martha para contar a reação da plateia. Outro dia, foi a de uma senhora que dava força para todas as personagens. Ela dizia: “É isso mesmo, minha filha”, “Essa é boa” — conta Ana Beatriz, que também está completando 25 anos de carreira.
Mas foi o sucesso de “Divã” que colocou o nome de Martha de vez no circuito teatral, em 2005. Depois de ser levado ao palco e às telas de cinema, o texto chegará à televisão em 2011, num seriado de oito episódios, com Lília Cabral — sempre incrível — e direção de José Alvarenga Jr.
— Foi um encontro muito bonito, porque eu estava buscando algo no teatro que tivesse significado para mim e para o público.
E este foi o primeiro livro de ficção da Martha. Nós duas corríamos riscos. Mas acho que estávamos na mesma sintonia no universo e, por isso, acabou dando certo — lembra Lília.
O novo livro, “Fora de mim”, mal chegou às livrarias e já tem atriz de olho no texto.
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