sexta-feira, outubro 15, 2010

Dr. Sinézio - De Niterói para o mundo

Dr. Sinézio - De Niterói para o mundo
Leda Nagle – Jornal O Dia
Pessoas generosas de verdade sempre me encantam. Quando falo de generosidade, não falo de fazer um cheque e mandar para instituição de caridade. Até porque, se o saldo da conta é positivo, fazer um cheque não dá trabalho nenhum e pode aliviar muitas culpas. Também não falo de dar roupas que não cabem mais no armário ou na própria pessoa. Falo de generosidade mesmo. De fazer trabalho voluntário, de dar seu tempo para alguém ou algum grupo, sem interesse econômico, político ou pessoal.
Em outras palavras, não se trata de ‘fazer bonito’ nem com seu próprio chapéu nem com o chapéu dos outros. Por exemplo? O cirurgião plástico Sinézio de Souza. Há quatro anos, ele opera crianças em situação de risco em países como Paquistão, Afeganistão, Iraque, Angola, Moçambique, Costa do Marfim, Tanzânia, Etiópia, Congo. Não se trata de afinar o nariz ou tirar rugas. E sim de fissuras de lábio leporino, queimaduras de guerra, deformidades de mãos e pescoço. Ele faz parte de uma organização internacional que se chama Smile Train, de origem italiana.
Dr. Sinézio nasceu em Niterói, é apaixonado pelo Rio de Janeiro, onde mora há mais ou menos 30 anos. Mangueirense convicto, flamenguista sem fanatismo (estava no Maracanã no hexacampeonato), gosta de um bom vinho, de jazz e de cinema. Adora dar uma corrida, acha correr terapêutico. A família é uma de suas maiores paixões. É casado, tem dois filhos do primeiro casamento, um casal do segundo casamento e um neto de 3 anos.
Pergunto a ele se não tem medo de ir a estes lugares, ver de perto estas guerras. Dr. Sinézio diz que não e que também não tem medo da morte. Diz que o tesão pela vida o leva a estes países. Que nada se compara à alegria de devolver, ao colo de uma mãe desesperada, o filho mais sadio. Criado na Igreja Católica, gosta do Budismo como filosofia de vida, acha que as pessoas estão cada vez mais loucas no mundo atual , cada vez menos felizes e mais carentes.

Ele se dá por satisfeito com cinco horas de sono por noite, tem mais de seis mil fotos dos países onde operou, das pessoas que viu. Um dia, quem sabe, pretende fazer alguma coisa com este material. O que ele tem certeza é que volta mais leve e feliz depois de cada viagem. Calcula que já tenha feito mais de 400 cirurgias nestes quatro anos. Continua trabalhando na Santa Casa do Rio, no serviço de cirurgia plástica. E em fevereiro de 2011 vai operar de novo, na África.
Leda Nagle é jornalista e escritora e apresenta na TV o ‘Sem Censura’

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