quarta-feira, outubro 06, 2010

Marina nega ter aceitado conversar com PT

Marina nega ter aceitado conversar com PT
Dutra tinha dito que, em telefonema à senadora, ela teria afirmado que aceitaria sentar para discutir apoio
Maria Lima, Cristiane Jungblut, Sérgio Roxo e Silvia Amorim
 BRASÍLIA e SÃO PAULO. O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, disse ontem, após reunião do conselho político da campanha de Dilma Rousseff, que já fez um primeiro contato com a candidata derrotada do PV, Marina Silva, para conversarem sobre um eventual apoio da verde no segundo turno. Na conversa, ele disse que aproveitou para parabenizála pela expressiva votação.
Dutra disse que Marina aceitou sentar para conversar, mas a data ainda não foi marcada: — Ela aceitou sentar para conversar. Mas estamos respeitando o timing da Marina. Ela vai estabelecer procedimentos de consulta nas instâncias do partido. Lógico que, se a decisão for pela neutralidade, vamos respeitar também.
À noite, porém, Marina divulgou nota negando que já tenha aceitado conversar com o PT sobre eventual apoio a Dilma. Ela disse que agradeceu a ligação de Dutra, mas não aceitou conversar sobre apoio. Disse ter repetido o que já afirmara anteontem a Dilma e José Serra: que “por considerar que sua candidatura é maior do que o próprio PV, nos próximos dias, estará envolvida em processo decisório baseado na escuta às parcelas da sociedade civil que se integraram ao seu projeto e às instâncias do próprio partido”.
Tião Viana também telefona para Marina A nota lembra ainda que uma convenção nacional do PV será convocada para decidir o que o partido fará no segundo turno.
“Você sabe que sou uma mulher de processo”, teria dito Marina a Dutra, diz a nota, “para impedir que surgisse qualquer dúvida sobre o método escolhido para a tomada de decisão”.
Enquanto os verdes não decidem o assunto, tucanos e petistas continuam em busca de uma aproximação com a candidata.
Ontem, Marina também recebeu um telefonema do governador eleito do Acre, Tião Viana (PT), seu aliado histórico. O petista não teria tratado de apoio, apenas a cumprimentou pelo desempenho nas urnas. Viana é tido como o provável principal interlocutor junto a Marina. Dutra também procurou Bazileu Margarido, presidente do Ibama na gestão de Marina no Ministério do Meio Ambiente. Ele queria a indicação de uma pessoa que pudesse falar pelos verdes.
Em discurso na tribuna, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez um apelo pelo apoio de Marina.
Ele lembrou que a verde participou da fundação do PT, em 1980. Lembrou ainda da solidariedade do presidente Lula na época da morte de Chico Mendes, líder seringueiro acreano.
Do lado tucano, a verde recebeu ligação do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Eles também não teriam falado sobre apoios. Alckmin ainda procurou o candidato do PV derrotado ao governo em SP, Fábio Feldmann, ex-tucano.
Caso queiram contar com o apoio de Marina, Dilma e Serra terão de trabalhar pela rejeição do projeto de reforma do Código Florestal, que tramita no Congresso, e assumir compromisso com a liberdade de imprensa. Os dois pontos devem constar do programa mínimo que será apresentado pelos verdes aos dois candidatos. A adesão a esse programa será pré-condição para abrir negociação. Caso nenhum dos lados aceite, o caminho dos verdes será a neutralidade.
Durante a campanha, Marina criticou duramente a aprovação do relatório de reforma do código, chamado por ela de “estelionato ambiental”. O texto é do deputado federal Aldo Rebello, do PCdoB, partido da coligação de Dilma. Mas Serra conta com apoio da bancada ruralista, favorável à reforma do código.
— Temos que ver o apetite dos candidatos em assumir o compromisso de implantação da lei de resíduos sólidos e de trabalhar pela não aprovação da reforma do Código. Só depois é que tomaremos uma decisão — diz Ricardo Young, candidato derrotado ao Senado por SP.
Apesar de conter questões ambientais, o programa não ficará restrito ao tema.
— Não será um programa ambientalista — afirma o presidente do PV do Rio, o deputado eleito Alfredo Sirkis.
Ontem, os aliados de Marina e a direção do PV chegaram a um acordo sobre como será a definição do apoio no segundo turno.
O processo começará amanhã e deve terminar com uma espécie de convenção, em São Paulo, daqui a duas semanas, quando haverá votação para escolher o rumo a ser seguido pelo partido. Devem participar da votação cerca de 150 filiados ao PV, os intelectuais que contribuíram com o programa de governo e representantes do Movimento Marina.
Em Brasília, o conselho político com representantes dos partidos da aliança de Dilma mapeou os pontos fracos da campanha nos estados e meios de comunicação. Ao lado de Dutra, os representantes dos partidos saíram com tarefas de ampliar a mobilização em todas as regiões.
Mas o tema “boatos de caráter religioso” continua sendo a grande preocupação. Ligado à ala carismática da Igreja Católica, o senador Gim Argelo (PTB-DF) foi encarregado de agendar eventos e entrevistas nos canais religiosos para desfazer os boatos.
— Esse boato pegou e estamos tentando mostrar que não é verdade. Essas correntes de internet são piores do que fofoca antiga. Estamos em contato com as redes de comunicação da Igreja para que a Dilma vá e diga que é temente a Deus e nunca defendeu aborto ou casamento gay — disse Gim Argelo.
Dutra nega que Dilma esteja provando do mesmo veneno de 2006, quando a campanha de Lula espalhou que Alckmin iria privatizar a Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica.
— Aquilo não era boato, era fato. Quem privatiza um privatiza mais. Eles tinham planos.
Michel Temer terá participação mais efetiva nessa etapa. O PMDB procurando contornar problemas nos estados, para evitar debandadas. A cúpula já conversa, por exemplo, com o baiano Geddel Vieira Lima, que está descontente com Dilma

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