quarta-feira, outubro 06, 2010

Weslian recorre ao teleprompter

Weslian recorre ao teleprompter
Mulher de Roriz treina intensamente para falar 'de coração' no segundo turno
Fábio Fabrini e Roberto Maltchik – O Globo
BRASÍLIA. Sucesso na internet graças à sucessão de gafes em apenas seis dias de campanha, a candidata do PSC ao Governo do Distrito Federal, Weslian Roriz, abriu o segundo turno blindada pelos coordenadores de sua campanha e o marido, Joaquim Roriz (PSC), a quem substituiu. Depois de uma rápida entrevista domingo, em que repetiu frases sopradas pelo ex-governador, a candidata recusa-se a falar com jornalistas até por telefone.
Weslian diz que quer se preparar para a campanha nas próximas quatro semanas.
E seus interlocutores avisam: vai surpreender. De novo. No teste do teleprompter, equipamento de leitura diante das câmeras, repetiu apenas três vezes o discurso.
— Está numa média boa — diz um dos assessores.
Agora, o desafio é decorar os projetos do marido, para não ter que pegar carona na fala dos adversários, dizendo que “assina embaixo” de todas as suas propostas, como no debate do SBT. E evitar pérolas como “quero defender toda aquela corrupção”, dita no debate da Rede Globo. A despeito das primeiras experiências em entrevistas e debates, a coordenação da campanha promete deixá-la falar de improviso e “com o coração”.
Embora seja vedete na web, Weslian recusa-se a mergulhar na blogosfera para “preservar a privacidade”. Não aderiu ao Twitter. E garante, via assessores, que fará um segundo turno com corpo a corpo, a começar por uma caminhada hoje em Vila Planalto, bairro dos chamados pioneiros de Brasília.
Antes disso, porém, passará por um treino intensivo. A estratégia é reforçar seu caráter religioso, fazê-la incorporar as promessas do marido e lembrar a participação que teve em seus quatro governos.
Weslian tornou-se conhecida por participar e dar palpites em reuniões do marido em sua mansão. E, entre a população mais carente, por tomar a frente dos programas assistencialistas de seus governos. Não por acaso, foi escolhida como substituta após o naufrágio da candidatura do ex-governador, barrado pela Lei da Ficha Limpa. Agora, tenta modelar uma identidade própria.
Sempre, é claro, sob a supervisão de Roriz, que já avisou: uma vez eleita, ele será o “principal assessor”. O ex-governador comanda as aparições públicas e ainda não se acostumou ao tratamento dado pelos jornalistas à mulher.
— Não a chame de candidata! Chame de Dona Weslian — reclamou a um repórter, durante a festa para comemorar o resultado do primeiro turno.
Na ocasião, Weslian falou pouco, antes de ser puxada pelo marido.
— Agora, eu respondo por ela — disse Roriz.
A lista de atribuições de Weslian inclui a presidência do Integra, instituto que promove projetos sociais como o que oferece cães-guia para cegos de Brasília. E a presidência de honra do Instituto Candango de Solidariedade (ICS), foco de ilegalidades na gestão do marido, segundo o Ministério Público.
Aos 67 anos, ela está há 50 com Roriz.
Casou-se aos 17, depois de um curto namoro iniciado num baile temático, no qual vestia trajes típicos do Japão. Roriz apaixonou-se por “aquela japonesinha”, como conta a amigos. Ela, que é de Goiânia, morava em Luziânia, nos arredores de Brasília.
Os pais eram ricos: criavam gado em terras que varavam o DF “do Núcleo Bandeirante à Asa Norte”, como diz uma peça de campanha. A família do ex-governador era dona de outra parte considerável da capital. A “japonesinha” de Roriz sempre o acompanhou nas filiações partidárias. Mas nunca se aventurou antes em eleições.
Sua campanha vai focar os bolsões de pobreza.

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