segunda-feira, outubro 04, 2010

Alemanha deve sair da zona do euro para moeda sobreviver, diz Stiglitz

Alemanha deve sair da zona do euro para moeda sobreviver, diz Stiglitz
Nobel de Economia diz que Espanha está entrando numa 'espiral da morte'
 O prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz disse, em entrevista publicada ontem pelo jornal britânico “Sunday Telegraph”, que a Alemanha deveria sair da zona do euro, para que a moeda única não acabasse. Para Stiglitz, agora professor da Universidade de Columbia, a sobrevida do euro está ameaçada pela forte pressão por que passa a moeda com as diferentes necessidades entre os países da região: de um lado, elevado superávit comercial, especialmente na Alemanha; do outro, déficit em países como Irlanda, Portugal e Grécia. O economista teme que as medidas de austeridade da Europa cortem muito rapidamente os déficits dos países, mas tornem possível um segundo mergulho (double dip) na economia mundial.
— A preocupação é que existe uma onda da austeridade crescente em toda a Europa e que até mesmo batendo na costa americana — disse Stiglitz.
— Com tantos países cortando seus gastos prematuramente, a demanda global será menor e o crescimento, lento, e até talvez conduza a um segundo mergulho na recessão — comentou Stiglitz, que defende esses argumentos na nova edição de seu livro, “Freefall” (“Queda livre”).
Segundo Stiglitz, a Espanha pode estar entrando na mesma “espiral da morte” que a Argentina viveu há dez anos. Apenas quando a Argentina quebrou a indexação do peso ao dólar é que a economia começou a crescer e seu déficit caiu.
Em sua avaliação, o governo espanhol deve cortar gastos, como parte da regra do jogo — o que certamente vai ampliar seu desemprego. Na semana passada, a agência de classificação Moody’s reduziu a avaliação de crédito da Espanha, de “AAA” para “Aa1”, com perspectiva estável.
A agência disse ver fracas perspectivas para a quarta maior economia da zona do euro.
As outras duas agências de classificação financeira, Standard & Poor’s e Fitch, já haviam rebaixado a nota do país.
— No momento, a Espanha não foi atacada por especuladores, mas pode ser apenas uma questão de tempo — disse Stiglitz, para quem o setor bancário voltou a operar normalmente muito rapidamente, mas há riscos de nova crise.
China diz que não reduzirá cota de bônus europeus A China se comprometeu ontem a apoiar a estabilidade do euro e a não reduzir sua cota de bônus dos governos europeus, num esforço de desviar as críticas sobre sua política monetária. Num exemplo da disposição em cooperar com a União Europeia (UE), o país assinalou que comprou bônus da Espanha.
— A China respalda um euro estável — afirmou o primeiroministro chinês, Wen Jiabao, durante visita ontem a Atenas.
— Nós não reduziremos nossa quantidade de bônus europeus em nosso portfólio de divisas estrangeiras — acrescentou Wen, que no sábado ofereceu comprar bônus do governo grego e afirmou que o país necessita diversificar sua compra de dívidas em moedas estrangeiras.
O posicionamento de Wen não é uma unanimidade na China.
Entidades estatais do país têm sido, em geral, conservadoras em relação aos investimentos em mercados fora dos Estados Unidos e o governo chinês enfrenta críticas internas por causa das perdas ocorridas durante a crise financeira global.
Às vésperas da cúpula entre China e UE, Wen instou ao bloco que reconheça o país como economia de mercado — status que o tornaria menos vulnerável a acusações na Organização Mundial do Comércio (OMC). O líder pediu que a UE reduza barreiras comerciais com o país.
— A China se compromete a melhorar o ambiente de investimento, intensificar a proteção de direitos autorais, estender seu comércio bilateral e atualizar a cooperação tecnológica — disse Wen, durante discurso no Parlamento grego.

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