segunda-feira, outubro 04, 2010

Uma campanha e dez biografias

Uma campanha e dez biografias
Ancelmo Góis - O Globo - 04/10/2010
1 Marina Silva — Sai destas eleições maior do que entrou. Um gaiato diz que a verde lembra o velho Lula, antes de o presidente se esbaldar com Roberto Jefferson, Sarney, Renan e outros.
2 Paulo Skaf — Saiu menor. Era o poderoso presidente da Federação das Indústrias de São Paulo. O capitalista resolveu se candidatar por um partido socialista. O eleitor não entendeu o samba do crioulo doido.
3 Weslian Roriz — Madame, até há uma semana, era apenas das prendas do lar. Virou candidata forte na Capital da República em cima da hora por causa da ficha suja do marido, Joaquim Roriz.
4 Ciro Gomes — Saiu pior. O cearense mudou o título para São Paulo. Lançou-se, “por imperativo moral”, candidato a presidente. No final, expulso do jogo, mandou um adversário para “o caralho”.
5 Tiririca — Saiu maior. Antes da campanha, era um artista de segunda, dos que fazem show no interior por uns trocados. Virou celebridade. Ganhou capas de revistas. Ainda acaba no programa “A Fazenda”.
6 Ana Amélia Lemos — A jornalista gaúcha radicada em Brasília resolveu este ano se candidatar para o Senado pelo insosso PP. Deu certo.
7 Plínio de Arruda Sampaio — Figuraça. Trouxe um pouco de humor e ideias para a campanha. Mas com ele, desta vez, o PSOL, que com Heloísa Helena obteve 7% dos votos em 2006, quase se escafedeu das urnas.
8 José Eduardo Dutra — Ao contrário de alguns “comissários” do seu partido, conduziu a campanha da Dilma, ao lado de Palocci, com moderação e respeito aos adversários. Ainda se revelou um bem-humorado tweeteiro.
9 Lindberg Farias — Outro que saiu da campanha maior do que entrou. Vai dar trabalho ao quarteto Cabral/Pezão/Paes/Régis.
10 Lula — Ainda assim conseguiu transferir um caminhão de votos para, quase, um poste. É sucesso de público aqui e de crítica lá fora. Cerca de 80% dos brasileiros acreditam nele, contra, por exemplo, 59% dos que acreditam em Deus. É o cara.
No mais...Marina é fofa.
O negócio do Ibope Durante as eleições, o nome do Ibope é levado aos céus com direito a aparecer toda hora no “Jornal Nacional”. Mas a cada ano que passa o percentual das pesquisas políticas no faturamento da empresa mingua. Hoje é de uns 6%.
Aliás...Na largada, Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, pisou na bola ao minimizar a força de Lula na eleição.
Já Marcos Coimbra, do Vox Populi, errou feio nas contas de chegada. Agiu como torcedor de Dilma. Com todo respeito.
Sexo liberado
A prefeitura do Rio finalmente autorizou a realização de uma feira de produtos eróticos no Monte Líbano. A Hot Fair começa dia 28 deste mês.
A feira ia ocorrer em abril, mas foi proibida sob alegação de que havia uma creche no Clube.
Uma lei de Cesar Maia proíbe a existência de sex shops a menos de 200 m de igrejas, creches e escolas.
Agora, com o alvará, a creche vai passear com os alunos.
Lembrando São Paulo realiza há 16 anos uma feira deste tipo que movimenta R$ 250 milhões
Coleguinhas A BBC, ontem à noite, falando das eleições no Brasil, mostra Serra exibindo um quatro e um cinco com as mãos (45 é o número dos tucanos) e não hesita: — Nove, o número dele.
Calma, santa De uma senhorinha num salão de cabeleireiro na Barra: — Passei a vida inteira juntando dinheiro para ir morar na Barra. Agora, que consegui sair do Méier, acabei como vizinha de Valeska Popozuda.
Parece preconceito. E é.
Marina Mocidade Paulinho Mocidade, o grande intérprete de sambas-enredos, foi notícia no “The Guardian”, o jornalão inglês, neste fim de semana eleitoral. O conceituado diário britânico contou que o sambista, autor do jingle de Marina Silva, já compôs, acredite, 84 músicas para campanhas eleitorais.
Mas...Nosso sambista foi sincero ao responder se vota nos candidatos que o contratam: — Eu não tenho partido. O negócio é o jingle lá para quem encomenda. É o dindim. Porque a gente precisa dar um sorriso, né? Botar um iogurte na mesa, um sucrilhozinho...
Contra burguês...Candidato miúdo sofre. Zé Maria, candidato do PSTU à Presidência, aquele do “contra burguês, vote 16”, amargou, como cidadão comum, loooonga espera na fila para votar, ontem, na Escola Celso Machado, em Belo Horizonte.
Eleição 2014 Com a consagradora reeleição, Cabral assegura que em 2014 a sucessão presidencial vai voltar a passar pelo Rio. E a estadual vai passar pelo gabinete do vice Pezão. Aliás, enquanto Cabral se recuperava de uma lesão no joelho, Pezão, na moita, percorreu todos os municípios do estado.
Pai e filhos O almoço de domingo na casa dos Picciani vai ser curioso: o pai, patrono da família, não vai ter mandato. Ficará cuidando de suas cabeças de gado. Mas ele elegeu um filho deputado federal e outro, estadual.
Calma, gente No Condomínio Pontões da Barra, no Rio, uma moradora acusa o cachorro da vizinha de fazer xixi na varanda. Diz que o líquido indesejado cai na sua área, infestando o apartamento com o cheiro. A dona do animal nega. A moradora incomodada promete levar o barraco para a Justiça.
Às voltas que...O pessoal de Milton Temer, 72 anos, candidato do PSOL do Rio a senador e ex-oficial da Marinha cassado em 1964, panfletava ontem no Leblon quando um senhorzinho bradou: — Quero dizer que não concordava com as ideias do Temer na Marinha! Mas hoje dei a ele o meu voto por sua honestidade e coerência! É que...Era o almirante Ronaldo Santoro, velho colega de turma e oponente do comunista Temer na Marinha.

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