terça-feira, outubro 12, 2010

Editorial – JORNAL DO BRASIL Debates de comadres e compadres não interessam

Editorial – JORNAL DO BRASIL
Debates de comadres e compadres não interessam
 DILMA ROUSSEFF E JOSÉ SERRA abriram na noite de domingo a série de debates que vão se realizar até o dia 31, data do segundo turno das eleições. Para quem acha boa a discussão pautada por picuinhas e acompanha um debate como se fosse uma novela, até que foi um bom programa.
Mas para quem conhecia as ideias de Dilma e Serra apenas superficialmente – e esperava o encontro para saber que futuro ambos querem para o país – foi uma ducha fria.
Os candidatos, por incrível que pareça, foram mais objetivos no primeiro turno. Agora, que têm mais tempo, perdem-se em acusações, como se fosse um campeonato em que cada denúncia fosse tratada como um gol em um jogo de futebol. Como se fosse mais importante manchar a reputação do rival do que discutir ideias e mostrar programas ao país.
Na comparação com o futebol, ninguém quer um “debate de compadres”, insosso, onde apenas se vendem ideias e ninguém mostra diferença com relação ao oponente. Mas o Brasil já amadureceu o suficiente para que também rejeite um debate “de comadres”, onde só se visa a pisar no calo do rival e levantar temas (relevantes ou não) que deixem o concorrente melindrado.
Se ainda os candidatos tivessem coragem para dar explicações práticas sobre todas as acusações que lhes são feitas, até poderia ser de algum modo positiva a postura mais agressiva. Só que no debate funcionou assim: Dilma acusava Serra de ser privatista.
O tucano, em vez de desenvolver o tema, introduzia abruptamente o tema aborto e colocava a petista na berlinda.
Esta, por seu turno, escorregava sobre o aborto e lembrava os problemas de segurança em São Paulo no governo Serra. Que, na réplica, passava batido pelo assunto e citava o nome de Erenice Guerra. E seguiu assim o debate, com um acusando o outro e ninguém explicando nada.
Serra e Dilma ainda estarão frente a frente na TV em algumas ocasiões entes do dia 31. Tomara muito que mudem de postura. E em vez de só priorizar o que o rival tem de ruim, os dois mostrem mais o que têm de bom a dar ao Brasil, caso consigam tornar-se presidente da República.

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