terça-feira, outubro 12, 2010

Projetos aeroportuários ficam na pista

Projetos aeroportuários ficam na pista
Apesar de Dilma ter dito se sentir 'desagradada' com setor, governo não realiza mudanças como abertura de capital
Gustavo Paul – O Globo
 BRASÍLIA. Em um ponto os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) chegaram a um entendimento no debate: a situação caótica vivenciada pelos aeroportos brasileiros. Serra reclamou e Dilma admitiu que está “desagradada” com a estrutura aeroportuária. Como solução, ela prometeu reestruturar a Infraero, estatal que administra os 67 principais aeroportos brasileiros.
Mas, enquanto promete mudanças administrativas, o governo atual já tem duas opções para minorar os problemas do setor — ambas engavetadas, esperando que sejam superadas divergências com os militares (ainda muito influentes no setor, e na Infraero particularmente) e que se encerrem as eleições.
Em 25 de agosto, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) concluiu a minuta de contrato de concessão de terminais aeroportuários, que servirá de parâmetro para outros aeroportos. No caso, ficaram prontos a concessão ao setor privado do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante (RN) e os termos do edital de licitação. Com lance mínimo de R$ 3,7 milhões, o consórcio vencedor poderá explorar o serviço por 28 anos.
A concessão à iniciativa privada de terminais brasileiros é considerada fundamental frente ao crescimento da demanda e a eventos como a Copa em 2014 e as Olimpíadas em 2016.
Pouco antes, em julho, o BNDES preparou proposta para aumentar a capacidade dos aeroportos.
Ela prevê a divisão da Infraero em duas: a empresa antiga, que herdaria o passivo (dívida resultante de ações judiciais), e a nova, a Infraero S.A., que receberia novos investimentos e seria responsável pela operação dos 67 principais aeroportos do país. Outra opção seria criar uma subsidiária para assumir essa missão, mantendo-se a estrutura velha com a parte podre.
Também jaz na gaveta do governo o plano de abrir o capital da Infraero e vender ao mercado até 49% das ações, mantendo o controle da União. É a proposta colocada por Dilma para resolver o problema do setor: — Não estou gostando da situação dos aeroportos e um dos compromissos meus é mudar completamente a gestão da Infraero.
Ela tem que ser como é a Petrobras, aberta e com gestão profissionalizada.
O governo tem nos aeroportos uma das suas piores marcas em infraestrutura. Segundo o Ipea, no governo Lula os investimentos no setor tiveram grandes oscilações. Começaram com R$ 41,7 milhões em 2003, pularam no ano seguinte para R$ 472 milhões. Chegaram a R$ 1 bilhão em 2006, mas caíram à metade em 2009, para R$ 425,5 milhões. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, foram gastos apenas 11% (R$ 165 milhões) do total da dotação anual à disposição da Infraero, de pouco mais de R$ 1,5 bilhão.
Nos demais setores de infraestrutura, dados mostram os gargalos.
No caso dos portos, no estudo Doing Business 2010 do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 100ª posição entre 183 países no item “comércio entre fronteiras”, exigindo oito documentos nas exportações, contra média de 4,3 documentos nos países desenvolvidos.
O custo médio por contêiner é de US$ 1.540, contra US$ 1.089 nos países ricos.

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